Comecei a namorar muito cedo, de escola. Foi praticamente de escola. Nunca tive outro namorado. Pronto, tive mais rapazes, mas namorado, namorado só tive o meu marido. Eu devia ter os meus 11 anos, mas não namorávamos. Já guardávamo-nos um ao outro. Ele tinha 13 eu tinha 11, mas guardávamo-nos já um ao outro
Houve cá umas festas muito bonitas. Veio cá a Nossa Senhora de Fátima percorrer as aldeias e então houve aqui uma grande festa. Fizeram muita flor muita coisa. Foi desde essa altura que a gente começou a guardar-se mais um ao outro. Estávamos assim mais... Ele andava a ajudar também a fazer os arcos para as festas e eu andava nas flores. Depois íamos para as debulhas malhar o milho e eu queria ir. Não queria ir por causa do milho, queria ir também para o ver. Era assim. Mas ele gostava de mim e eu gostava dele. Quer dizer, não era namoro como agora. A gente gostava de se ver. Se fosse para um bailarico havia a mania:
- “Pronto namoras comigo já não podes dançar com mais nenhum.”
E o meu marido tinha essa mania. Eu namorava com ele, mas já não podia dançar com mais ninguém. Depois eu tinha muitos rapazes. A minha mãe queria que eu dançasse com os outros rapazes, e o que é que eu fazia? O que é que eu havia de fazer? Ligava um pé. Ou porque tinha esfolado um pé ou porque tinha... E depois a minha mãe dizia assim:
- “Louvado seja Deus. Esta rapariga nas festas está sempre coxa, está sempre doente.”
Não era. Deus me perdoe esse pecado, mas não era. Era eu que fazia isso porque assim a minha mãe não me obrigava a dançar com quem me vinha convidar e o meu marido ficava contente, porque eu não dançava com os outros. Era assim que a gente fazia.