Do milho à farinha e da azeitona ao azeite

O milho depois de estar em grão vendia-se ao alqueire. Nós tínhamos dois moinhos da família. Até tenho um, porque foi restaurado há pouco tempo. Sei que tem duas mós, a mó de cima move a água, o milho vai caindo e vai saindo a farinha. Agora não posso descriminar concretamente, tenho escrito como se chamava o rodízio, a mó de cima, a mó de baixo, não me lembro agora os nomes.

Os moinhos funcionavam todos a água. Algumas pessoas que não tinham moinho, quando eram familiares, moíam nesses moinhos nas horas vagas. Outras davam-nos aos moleiros, que eram pessoas que percorriam a freguesia e juntavam sacos, que naquele tempo chamavam sarrões, eram até feitos de pele de cabra. E mediante uma indemnização, chamavam maquia, transformavam o milho em farinha e iam distribuí-los novamente.

A azeitona era transformada em azeite, recolhiam o azeite em recipientes de pedra, chamavam pias, e depois era vendido o excesso, o que não precisavam para casa era vendido ao litro. Havia lagares na Benfeita, havia um perto de Pardieiros e depois um na Baralha, outro na Finchosa e mais dois em Côja. Havia muitos lagares, nesse tempo, mas eram privados. Tinha que se pagar, assim, como hoje. Ainda este ano transformei alguma azeitona em azeite e fui a um lagar onde paguei a importância que me foi destinada para fazer essa produção.