Vim de São Tomé quando tinha três anos. Pouco ou nada tenho de recordações. Foi uma transformação grande de África para Portugal.
Brinquedos, na altura, nada. Jogávamos à cocha. Era com uma pinha e com um pau. Fazíamos um buraco. Era para não deixar entrar a pinha dentro do buraco. Era o eixo, à barra, chamávamos à barra. Eram os únicos sistemas que a gente tinha. De resto, brinquedos não tínhamos. Recordo-me de uma vez fazer um carrito de uma “carcódia” de um pinheiro, com as rodas de um carro de linhas. Fazíamos uns carritos e tal, depois uns moinhozitos. Era o que a gente fazia. Brinquedos era sair da escola e ir guardar as cabras, muitas das vezes. Ia à escola, no fim ia guardar as cabras. Ao fim-de-semana até se ia ao mato. Uma vez ainda me recorda que ia com as cabras e o meu pai queria que eu fosse dar uma volta com o gado. Eu cortei numa curva, quer dizer, em vez de dar a volta por onde ele queria que eu fosse, não fui. Quando depois eu cheguei lá, agarrou num pinheirito verde e pimba com ele nas costas. Ainda havia dele me dar hoje essas porradinhas que era bem bom.