As pessoas sabiam que eu era trabalhador porque eu quando vinha a Monte Frio, pelas festas, não me metia na brincadeira com a rapaziada. Eu ia ajudar a minha mãe com as cabras. Até cheguei a andar por aí descalço ao mato, a roçar o mato e a guardar as cabras.
Ainda me recordo uma vez, o padre Redondo lembrou-se de confessar a mocidade toda. Eu tinha na parte de baixo da capela um terrenozito, que a minha mãe tinha semeado milho para os animais, para as cabras, para as ovelhas. Eu, enquanto ele confessava a rapaziada, passo ali “pia baixo”, fui lá buscar um molho de milho e quando vinha para cima:
- “Então como é? Não te vais confessar?”
- Calma, eu é que sei quando é que me hei-de ir confessar. Agora tenho que ajudar a minha mãe.
A minha vida na aldeia já se sabe como era, bailaricos, sempre gostei de bailaricos. A minha vida foi assim.