A minha filha e o meu filho nasceram no Monte Frio. Ainda aqui estava. Durante esse tempo, o meu marido só cá vinha, às vezes, passar uns dias por altura da festa ou quando era preciso. Quando o meu filho Henrique nasceu, é que fui para Lisboa. A minha filha foi à escola, a primeira vez, em Côja. Ao fim, ela e o Henrique estudaram lá em Lisboa, primeiro em São Sebastião da Pedreira e depois nas Portas de Santo Antão.
Hoje, ele está a trabalhar em Lisboa e ela está no Algarve, no fundo, em Faro. Mas eu é que tive de criar os filhos dela aqui e lá. Para onde eu fosse tinha que os levar. Dava-me muito bem com os meus netos. Só que eles, coitadinhos, eram mauzinhos para comer e eu sofria muito com isso. Mas eram pequenitos e tinha que ajudá-los. Muitas vezes, dava-lhes o comer à boca, outras vezes já comiam por a mão deles. Foram à escola em Lisboa, na Rua Aquilino Ribeiro, ao pé de D. Dinis. Depois, houve pessoas que nos meteram em cabeça de a gente os pôr na Casa Pia, porque era mais barato. Começaram a ir para lá, mas estiveram pouco tempo, só uns meses, porque me deu a trombose. Estive no hospital, ainda passou de meio ano, e não podia cuidar deles. Foram entregá-los à mãe. Um parece que tinha 11 anos e o outro 13. Já estavam quase fora da escola primária. Mas eles gostam muitos dos avós, coitadinhos! Pois se a gente é que os criou...