Naquela altura, eu e mais os meus irmãos íamos à catequese. Como os mais velhos já tinham abalado para Lisboa, eu e o Alberto, o mais novo, íamos e vínhamos os dois. Havia umas senhoras que, quer dizer, não eram freiras, eram umas beatas. Umas senhoras, que se dedicavam a dar aulas às crianças da Igreja. Ensinavam-nos a rezar o Pai Nosso, a Ave Maria, o Com Deus Pai, a Confissão, a Salve Rainha e a cantar.
Ainda fiz a Primeira Comunhão. Nesse dia, vesti um vestidinho branco que a minha mãe fez. Tinha uma rosa na cabeça. Dizíamos as oraçõezinhas que elas nos tinham ensinado e deram-nos a comunhão, uma hóstia. Aquilo era lindo... Pois, se a gente não aprendeu outra coisa... Era o que havia nessa altura, não havia mais nada. Depois só ia à missa quando calhava.
Lembro-me que, na altura da Cruzada, morreu cá uma rapariga. Chamava-se Maria dos Anjos e era da Relva Velha. Quando estávamos a brincar, ela caiu e feriu um braço. Não ligaram, porque naquela altura, não se ligava assim muito aos ferimentos. Apanhou uma infecção e morreu. O funeral foi para a Benfeita. Eu também fui. Tive muita pena. Não era só por gostar dela, era porque a rapariga ainda era muito novinha e a gente viu-a partir.