Os pobres tinham pouca roupa. Alguns deles até iam usando daquilo que lhe davam, como me sucedia a mim. Conforme nos davam a roupita à gente, íamos experimentando para ver a qual irmão servia. E andávamos descalços, até uma certa idade.
Tenho uma história gira. O meu irmão mais velho trabalhava por conta de uns senhores daqui. E eu gostava de ter umas botas de borracha, daquelas de pneu. E perguntei ao meu irmão se ele não mas comprava. Ele deu-mas. Eu agarrei nelas e trouxe-as para casa, todo satisfeito. Daí a pouco, chego a casa, levam-me as botas! O meu irmão não as tinha pago e eu fiquei sem elas!
Havia uma grande diferença para agora. Agora, na minha terra, não há pobres. Agora vêem-se no caixote os sapatos de pano, a roupa nova e tal. Naquele tempo, aquilo fazia tanto jeito... Eu até usava os casacos compriditos nas mangas. Dobrava a manga e às vezes até servia de lenço e o canudo! Era pouca roupa. Naquele tempo quem é que deitava roupa fora? Alguém?
Ao domingo, sempre havia aquela roupazita mais limpita que a gente guardava. Uma camisa e umas calças mais limpas. Às vezes, as mulheres iam para fora da terra e levavam uns sapatitos na mão para não darem cabo deles. Só quando iam entrar na povoação para onde iam é que calçavam os sapatos. Era assim.