A minha mulher era ali da Teixeira. Conheci-a em Lisboa. Ela era empregada numa tia. Estava entregue a ela. Antes, ainda namorisquei aqui uma rapariga ou duas. Mas naquele tempo era uma chatice. Os pobres não tinham grande vantagem nisso, porque os ricos casavam-se uns com os outros. E os pobres tinham que andar a pau. Houve aí ricas que arranjaram umas coisas giras, mas também houve outras que arranjaram cada encomenda que ainda eram piores que eu.
A minha mulher foi a primeira rapariga que namorei em Lisboa. Foi através de conhecimentos de pessoas da família dela. Mas só me encontrava com ela de vez em quando. Tenho uma coisa muito boa: nunca pedi namoro a rapariga nenhuma. Não era preciso. Em Lisboa! Aqui, tinha que ser. Tinha que se andar a pau e espreitar os velhos. Os velhotes não gostavam muito que a gente se agarrasse a elas. Tinham medo que a gente lhe pegasse algum mal. Era giro. Agora, é uma alegria. Naquele tempo, era às fugidas. Tinha que ser às fugidas... Depois, aquilo estragou-se. Andei por lá uma data de tempo, namorei mais uma ou duas... Não sei bem quantas foram. Depois, voltei e fui casar com ela. Há coisas que têm a sua piada.