O meu pai chamava-se Mário Pimenta. Trabalhava na fazenda e era barbeiro! Ia às terras: a Relvas, à Teixeira e ao Porto Castanheira. Chamavam-no:
- “Diz ao tio Mário que venha cortar o cabelo. Tenho que ir à festa tal dia.”
Coitadinhos, ficavam parece que tinham despejado uma tigela na cabeça, quando cortavam o cabelo. Também era o meu pai que cortava o cabelo aos meus irmãos. Aquilo nem era cabelo cortado! O que era rente ficava bem mas, o que era era aparado, ficava um bocadinho mal. A minha mãe chamava-se Maria dos Anjos Marques. Trabalhava nas fazendas, com os bichos, com os gados, a arrancar batatas, a semear feijão e aquelas coisas assim. A fazenda era de roda da casa, na Teixeira. A minha mãe era boa. Era calma. O pai também mas, às vezes metia-se assim um bocadito nos copos. Eu tinha muito medo do meu pai era quando ele me agarrava na corda para me bater, aquelas cordas do mato.