Eu tinha dez irmãos: o meu irmão Fernando, o Mário, a Zulmira, a Arlinda, o Zé e duas morreram. Era Lucinda e outra era Maria de Deus. A mais velha sou eu!
Quando eu nasci, a minha mãe era assim para mim:
- “Ai filha, tu quando nasceste, na freguesia da Teixeira, era a menina mais bonita que havia!”
E eu digo assim:
- Olhe, para eu ser a mais bonita, como é que as outras não eram!
Ai! Eu batia-lhe muito! Às vezes ia buscar azeite para pôr na broa torrada... Mas a minha mãe não queria que eu fosse, porque a gente estraga mais que o que come e eu disse-lhe assim:
- Vocês não dizem, porque senão depois a mãe bate-me!
Assim que a minha mãe chegava a casa viu as nódoas do azeite no chão, de roda da fogueira, que aquilo era umas lajes. Quando ela chegava era quando ele dizia e ela batia-me. Depois eu queria comer sozinha, não lhe queria dar. Mas eu batia-lhe também a eles! Quando éramos mais pequenos era o meu pai que nos batia quando fazíamos asneiras.