“Foi uma alegria”

O nascimento do primeiro filho foi alegre. Parecia que ninguém tinha um filho como eu. Falava a toda a gente do meu filho. Nessa altura, eu trabalhava à noite na Garagem Elias Garcia e, no tempo dos morangos, ia vendê-los a gritar pela a rua:

- Ai com morangos!

Uma pessoa, uma vez, disse-me assim:

- “Você fala sempre no filho! Parece que ninguém tem um filho como você!”

Quando nasceu a rapariga também foi uma alegria. Foram baptizados na Igreja João de Deus e casaram-se depois na Igreja de Fátima.

Tenho ido muito para Lisboa para o meu filho. Mora do outro lado e eu gosto de lá ir no comboio pela Ponte 25 de Abril. A minha filha mora no Casal de São Brás, num sétimo andar. Gosto muito de lá ir e ver a Amadora e a Brandoa toda. Mas aquilo no Inverno é uma ventania do lado da Ericeira para cá, ai Jesus! É quase pior que nós no Monte Frio. Venho-me embora. Quando der frio, ponho uma lenhazita a queimar e pronto.

Um dos meus netos telefona-me de vez em quando. E quase todos os dias 11 telefono para o meu bisneto. Ele faz anos no dia 11 de Outubro e eu, todos os meses, não sei porquê, lembro-me de telefonar para lhe dar um beijinho.