Voltei em Março para o Monte Frio. Mas, nessa altura, não havia tempo em condições para ir para o pinhal. Só as mulheres é que diziam:
- “Olhe, os senhores não se importavam de me ajudar amanhã?”
Que era para ir cavar terra para o milho. Estive na aldeia um ano e depois fui para Lisboa.
Foi o meu cunhado que chamou e lá estive 35 anos. Ainda estive cinco anos sem vir à terra e a minha mulher nove. Viemos para a aldeia em 1987. Foi lá que trabalhei e arranjei alguma coisa para a minha reformazinha. De lá é que mandei fazer a barraquinha onde hoje vivo. Não é como aí alguns que andam a trabalhar e nem descontam para a Segurança Social. Um dia não têm que chegue. Hoje, graças a Deus, a minha reforma e a da minha e da minha falecida vão dando para os meus medicamentos, para os meus comprimidos e para as minhas extravagâncias.