Os meus pais são Arménio Martinho da Conceição e Maria da Assunção Henriques. A minha mãe era natural de Monte Frio e o meu pai de Bufalhão, Pombeiro da Beira.
O meu pai quando veio para Monte Frio era resineiro. Essa era uma profissão comum na zona. Consistia em resinar o pinhal. Tirar a resina dos pinheiros. A resina era recolhida em barris e era transportada em carros de bois para a zona onde um camião a pudesse carregar para levar para as fábricas. Diziam que a resina dava para fazer sabão, alcatrão e velas. Nessa altura, quando o meu pai veio, já cá estava o meu tio, irmão do meu pai que é da Moura de Serra, que também era resineiro. E estava também o senhor José Ferreira que era do Sergudo e se casou no Monte Frio com uma tia da minha esposa. Havia mais gente que se dedicava a esta profissão no pinhal.
O meu pai conheceu a minha mãe quando trabalhou na resina, namorou e casou-se com ela. Depois passou a ajudante de camionagem. A minha mãe era trabalhadora rural e doméstica, trabalhava no campo e em casa. Houve tempos em que a minha mãe cultivava fazendas em vários sítios. Tinha o Giral, entre a Moura da Serra e o Monte Frio e tinha o Samouro. Teve sempre cabras e ovelhas. Não em muita quantidade, sempre seis, sete, oito cabeças no máximo, entre ovelhas e cabras. Era praticamente para, como a gente diz, amassar o estrume para a fazenda. Era o adubo que se punha nessa altura. Depois ela vendeu o Samouro para ficar com a casa que era de 11 herdeiros. Os meus avós tiveram 11 filhos. Além da minha mãe eram mais dez e eu conheci-os a todos.