Eu fui para a escola com quase 8 anos. Como nasci em Março tive que esperar e só entrei em Setembro. Durante esse tempo andava na escola mas era como se não andasse, ia só para me desenvolver mais. Nessa altura era uma senhora que era esposa de um guarda florestal, no Barrocal. Não sei se ela era regente, se era professora, mas que ela era mazinha era e eu não tinha nada a ver com a escola. Ia lá só para me desenvolver e de vez em quando, levava a minha reguada por qualquer coisa que não estivesse bem, aquelas traquinagens de um miúdo com 7 anos. Eu andava a aprender mas ela não me dava aulas. Tinha que ir aprendendo o que ouvia. Ela não me puxava a mim. Era só aos alunos e mesmo assim levava reguadas.
Tive duas professoras que eram da terra. Deram-me aulas na primeira classe, que era o primeiro ano de aulas delas também. Era a dona Alda Peres na primeira classe e depois veio uma prima dela, que era Arménia Peres. Deram pelo menos quatro anos aqui. Como eram oriundas da terra, filhas de pessoas da terra e netas do senhor Francisco Peres, vieram para Monte Frio dar aulas pela primeira vez. A dona Assunção Peres que era a senhora que tinha a taberna também fazia parte da mesma família. Era a mãe da minha segunda professora, que foi da segunda, terceira e quarta classe, a dona Arménia Peres. Dessas duas professoras tenho as melhores recordações. Excelentes professoras, excelentes profissionais sem dúvida. Não é por serem da terra, não é por eu hoje lhe ter um grande carinho ainda, não é por a dona Arménia ainda hoje me chamar aluno e essas coisas, mas eram excelentes, aprendi muito, muito mesmo. Quando a gente se portava mal, levávamos as reguadazinhas da ordem, de vez em quando a cana de bambú a trabalhar, ao longe, era assim.