No Areal há uma carreira de árvores, que quando é em Agosto está tudo florido. Quando passa a festa da Senhora da Assunção, a procissão, é uma coisa linda, linda. Já uma vez um rapaz, que era sobrinho do doutor Urbano, filmou aquilo tudo. Fez aquilo num filme e até me chamou a casa dele para eu ir ver. Era uma coisa linda. Aquelas roseiras já estavam assim abertas, abertinhas com a flor. Então, ia a procissão a passar, era uma coisa mesmo bonita. Já cá vieram uma vez uns, que eram da Malveira, destes dos ranchos e assim. A gente também lá foi e eles também cá vieram. Gostaram muito cá da Benfeita e gostaram de ver os arvoredos, que era muito lindo, que estava isto cá muito bonito, muito bonito. Já até cá têm vindo pessoas e é a mesma coisa, também gostaram. Quando é no Verão, até vão comer almoços debaixo daquelas árvores no Areal, naquele largo que ali há. Já eu lá comi alguns também.
Aqui há uns anos, eu estava lá além na sombra, no Areal, à beira da estrada. Há lá uns bancos e eu estava lá sentada, a descansar. Às vezes, iam lá ter pessoas e sentavam-se ao pé de mim. Apareceu lá um ou dois “rapazotos”. Disseram eles assim:
- “Ó minha senhora, então aqui é que é a Benfeita?!”
- É.
- “É a sua terra?”
- É.
- “Ah, está bem...”
- E vocês, donde é que são?
- “Somos de Côja. Então, qual é a mais bonita? É Côja ou é a Benfeita?”
Digo eu assim:
- Olhe, para mim é a Benfeita, porque é a minha terra! E para vocês é Côja. Côja é mais importante, porque é uma vila. E aqui é mais fraca, porque é uma aldeia. Mas a Benfeita tem mais valor que vocês lá têm, porque temos aqui uns arvoredos - e temos, no Areal, até à Ponte Fundeira -, uma carreira de árvores, que qualquer dia está tudo cheio de verdura, todas verdes! Nós temos aqui tudo atacadinho de árvores que é uma coisa linda e vocês em Côja têm lá uma arvorezita que não presta para nada. No meio da praça, têm lá uma arvorezita que aquilo nem vale nada. E é a vila de Côja. E a gente aqui é uma aldeia, não é vila.