Trabalhei oito anos no transporte internacional. Andei por quase toda a Europa. Desde Espanha, que isso não conta que são vizinhos, era de passagem, a França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Áustria e a última, Eslovénia. A gente às vezes diz que gosta de trabalhar mais num país que no outro, mas isso é maneira de trabalhar. Mas começando a adaptar-se parece que gosta de trabalhar em todos os países. Eu gostava muito de trabalhar em Itália, 75% do meu transporte internacional foi sempre feito em Itália. Eu já fazia a Itália, do sul ao norte, como a gente diz, “com uma perna às costas”. Aos fins-de-semana quando tínhamos de estar parados aconteciam sempre episódios engraçados. A gente juntava-se, fazíamos a comida, uns bebiam, outros não bebiam, uns embebedavam-se, outros não. Eu não porque não bebo já há nove anos. Quando fui para o internacional já não bebia bebidas alcoólicas. Nesses momentos há grande camaradagem. Dizem que antigamente havia mais. Hoje é mais difícil. Já ninguém pára se vê um colega com um pneu rebentado. Antigamente toda a gente parava, mas agora também as exigências dos códigos também é outra coisa. Já não se pode parar de qualquer maneira. Eu não fui muito novo para o transporte internacional, porque achei que andava bem no nacional. Depois quando achei que estava mal fui para o internacional, e disse: “vou-me reformar no internacional”. E foi verdade.