O arroz de fressura é com o fígado e aquela coisa que as rês têm dentro, chama a gente, os pulmões. Aquilo é tirado, não é feito junto com a carne e quando matam a rês, apara-se um bocadinho de sangue. Aquele sangue deixa-se coalhar e no fim de coalhado, corta-se com uma faca e é cozido. Depois guarda-se. A gente faz um refogado bem feito e miga aquilo miudinho para um tacho e depois tempera. A minha mãe era a cozinheira dos casamentos e ela dizia que a fressura para ser boa tem que levar um bocadinho de molho da chanfana. A gente tempera a chanfana e mete-a no forno de lenha. Ela coze dentro do forno. Primeiro havia uns tachos de barro que tinham umas tampas para não se queimar porque quando ela vai para o forno, o forno tem muito calor e queima. Agora não. Agora é papel de alumínio que a gente põe mas nesse tempo não havia papel de alumínio. Então a minha mãe dizia que para a fressura ser boa tem que levar molho de carne. Quer dizer, quando está a refogar, em vez de se lhe pôr azeite ou outros temperos, põe-se colorau e essas coisas todas que a gente põe mas depois fica um bocado naquele molho onde se assou a carne. No tacho de barro fica sempre lá um bocado de molho e então, põe-se esse molho na fressura. Depois põe-se a água e põe-se o arroz, quando está quase cozido, desfaz-se o sangue, que a gente cozeu, e mistura-o. Isso é que é arroz de fressura. É bom!