De madrugada, naquele tempo, andavam umas raparigas novas e rapazes na Florestal, para ganhar algum dinheirito. Então havia guardas da Florestal que metiam pessoal para trazerem lá nos campos a plantar e a cortar árvores. E do Monte Frio andavam umas cachopas e uns rapazes. Ora, vinham-nos buscar ao largo numa camioneta e eles tinham que se levantar de madrugada para estarem ali para quando a camioneta passasse para os levar. Pois eles batiam-me à porta, estivesse a chover ou a nevar, estivesse como estivesse eu tinha que os aviar. Umas vezes vinho, outras vezes um copito de aguardente, outras vezes isto ou aquilo que lhe faltava para levarem. Estavam habituados, eu habituei- os a levantar-me e pronto, tinha que me levantar para os aviar. Eu também precisava de ganhar, era assim. Eu tinha de aproveitar enquanto havia. Eles depois iam-se embora e o dinheirito já ficava na gaveta.