Antigamente a gente cavava as terras, semeava milho, feijão, batatas, alface, tomates e pimentos. Eu ajudava, que remédio tinha eu! Também tínhamos umas cabritas, umas ovelhitas e umas galinhitas. Era o que havia. Quando era miúdo ia-as pastar eu ou as minha irmãs. Íamos com elas para o terreno que a gente cultivava no fim de apanhar o renovo e largavam-se para ali. Com o leite das cabras fazia-se um queijozito. Ainda lá tenho o acincho, a gente levantava o acincho para cima, carregava para baixo. Cortava certinho, caía um bocado em toda a volta e o queijo ficava lá na mesma. Eu sei como se faz o queijo, mas nunca fiz nenhum. Aquilo havia um coador, coava-se o leite para uma panela, depois punha-se o cardo. Coalhava e depois, no fim de estar coalhado, ia-se tirando para um pratinho limpinho. No acincho metia-se para dentro, calcava-se e aquele soro era fervido. Deitavam um bocadinho aqui e além de farinha. Aquilo ainda era bom! Comia-se com pão. Ficava molezinho e era bom! Era tudo bom naquele tempo.
Joguei muita vez ao fito. É com uma malha que se jogava ao fito. Atirava para fazer pontos. Aqueles que ganhassem, ganhavam um copo de vinho que o outro que perdeu pagava ao que ganhava.