O meu primeiro trabalho foi ir para o pinhal fazer lenha. Nem só aqui se fazia lenha, mas no país inteiro também. Ia para Côja, para Aveiro. Havia um senhor que comprava a madeira, na Benfeita. Compravam a lenha a metro.
Depois fui resineiro. Tira-se a resina com um ferro com uma lâmina. À borda era aguçadinha, aquilo até fazia a barba. A gente cortava a madeira e por baixo punha uma folha, chamávamos nós uma bica. Com um formão metia-se na madeira e ficava ali seguro. Depois levava um púcaro entalado ali, a resina vinha por ali fora e ia cair dentro do púcaro. Com uma espátula, tirava do púcaro para meter para dentro de uma lata e depois trazia-se ao ombro. As latas levavam aí 20 e tal quilos. A resina não pode ser retirada todos os dias, é de mês a mês. Nessa altura, eu ainda vinha ao meio-dia para casa ajudar a minha mulher no campo. Plantávamos o milho, as batatas, o feijão, essas coisas todas. Tudo o que era de se comer.