A casa do Centro foi feita para o padre. Não foi para o Centro. Era a casa do padre. Ainda esteve lá a viver. Depois, foi embora. Mais tarde, puseram-na toda para o Centro, mas o andar cimeiro está reservado para que se houvesse um padre, não diga assim:
- “A gente até ia para a freguesia da Benfeita, mas tinha lá um andar e venderam-no...”
Assim, já não podem dizer, porque está lá. Tem lá um andar, uma coisa formidável. Lindo e grande. Falta é vir o padre. Ainda este ano, vieram aí às confissões e eu disse a um - a gente até o chamava o Anjinho - que já cá esteve:
- Ó senhor padre, temos lá em cima um andar tão bom para um padre e não temos cá...
Diz ele assim:
- “Não os há, não os há... Há falta deles, há falta deles...”
Há falta deles... Eles também, tanto padres como médicos, querem é andar nas cidades. Às vezes, nas aldeias até estão bem. Veio para cá um padre, que quando chegou - a gente, a verdade, temos que a dizer - vinha muito pobrezinho, muito mal vestido. Até vinha assim com as calças um bocadito rotas. Vinha mal vestido. Trazia uma bicicletazita. Daí a poucos dias tinha uma “motora”, daí a pouco tempo tinha um carro... Fizeram a casa, fizeram tudo e ele um dia disse na igreja:
- “Eu quando para cá vim, se dissesse que vocês hoje já gastaram tantos contos - nomeou uma conta grande de contos - se dissesse que tinham que dar este dinheiro para fazerem estas obras, vocês chamavam-me doido, diziam que eu que estava doido. Pois se eu vos disser que vocês, o povo, a gente toda, já deram este dinheiro...” - já eram não sei quantos contos, muitos contos e ele somava aquilo tudo.
Era um padre velhote e antigo.