No dia da procissão de Monte Frio, vinha a música de manhã e havia missa solene na capela. Depois saía a procissão com andores e música a tocar. Primitivamente, parece-me que eram só quatro santos. Era o Milagroso Bom Jesus, a Senhora das Febres, mais tarde a Senhora de Fátima e a Senhora da Boa Viagem. Depois nós é que pusemos a imagem de Santo António. Trouxemo-la em 1955. Até aí não havia. Agora há lá uma da Rainha Santa Isabel e a imagem do Santo Expedito, mas também não a podem levar, porque é muito pesada. Ainda era uma procissão grande. Naquele tempo os mordomos ofereciam umas ofertas e tal e a música ia tocar assim por aí fora. Em 1980 eu levava o guião. Se me apanhasse nesse tempo... Era giro!
Dizem que lá no largo é a Casa de Convívio e isso tudo, mas... enfim. No tempo do meu filho, a rapaziada ainda criou a Comissão de Juventude. Até angariaram muito dinheiro. Chegaram a fazer umas festas na Rua da Voz do Operário, uns bailes, umas coisas para arranjarem dinheiro. Mas, depois, o meu filho foi para a tropa e outros também e acabaram com isso. Tudo termina.
No nosso tempo ligava-se mais. Eram mais humildes! A maneira de viver tornava as pessoas mais humildes. Dançavam quase todos os domingos. Não havia televisão... A minha mulher tinha o “pé leve”, eu era “pé de chumbo” Mas não tenho pena nenhuma, nunca me deu para isso. Gosto de música, mas agora dançar, nunca tive jeito. Para isso, era o meu irmão que foi para o Brasil. Esse ladrão é que ia para as festas e para um lado e para o outro!