Em tempos, tínhamos que ir a Côja ou a Avô buscar sardinha. Não a vinham vender como vêm hoje. Houve também duas tabernas na aldeia. Uma era da dona Saudade, mas também fechou, porque estavam colectados e tinham que pagar. Aquilo já não dava para estarem abertos. Vendiam vinho, mercearias, arroz, feijão, açúcar... Ultimamente já vinha embalado mas, noutros tempos, não. Eu nem me quero lembrar desse tempo! Usavam uns cartuchos que pesavam muito...
Em Lisboa, quando o meu filho nasceu, em 1951, tiveram o desplante de dizer:
- “Olhe, vá ao Alto de São João buscar uma senha para ter direito a 1 quilo de açúcar!”
Vejam bem o que é que foi o país! Em 1951 nasce o meu filho. Tive que ir buscar uma senha para ter direito a 1 quilo de açúcar!
Nestas aldeias, ainda não passaram muita fome, porque cultivavam as batatinhas, o feijão, o milho, o centeio, as hortaliças e tinham o gado. Mas nas cidades foi um bocado complicado. Muito mau mesmo! Presentemente não há comércio em Monte Frio mas, aqui à minha porta, é a praça pública. À quinta-feira vêm vender o peixe. O pão é todos os dias. De segunda a sábado vem aí um indivíduo vender. E de Côja vêm três dias por semana: segunda, quarta e sábado. Ao sábado vem também uma senhora e o marido, com um camião, e vendem frutas e legumes.