O Monte Frio é um sítio pobre, mas já foi pior. Eu digo uma coisa: venho para a aldeia porque realmente nós temos condições de viver. Para cima, lá para a Moura da Serra, Porto da Balsa e Piódão, não ia. No Inverno aquilo fica tudo coberto de neve. Em tempos, ia lá a carreira duas vezes por semana, à segunda-feira e à sexta. Agora isso acabou tudo. Há pouco tempo fui a Côja ao dentista. Para lá ainda fui na camioneta. Depois vi vir um homem num carro de praça. Ele reconheceu-me e veio-me trazer ao Monte Frio. Não tive trabalho. Estava sozinho e vim-me embora, vim almoçar a casa. Ao passado de dez minutos estava aqui à porta! Mas isto também já não fica barato, já custa 11 euros. Se for aqueles que vão para a serra, leva muito mais tempo e é muito caro.
Presentemente já não estamos isolados, porque temos a televisão e os telemóveis. Ao princípio não havia, porque a electricidade na aldeia só tem 40 anos. Ficaram muito satisfeitos mas, primitivamente, a luz não era tão forte como é hoje. A electricidade era fraca e, nesse tempo, até as televisões tinham que ter um aparelho, um género de amplificador, para estabilizar a luz e torná-la mais forte. Mas também só havia televisão nas tabernas. A Saudade teve logo. De resto, não havia mais ninguém com ela. Em casa pouca gente tinha isso. Depois que fizeram, na Lomba, uma nova instalação isto, felizmente, está melhor.